quarta-feira, 7 de março de 2012

Ser Poeta - Florbela Espanca - Cantado por Luís Represas

A minha vida

Florbela Espanca


Nasceu em Vila Viçosa no dia 8 de Dezembro de 1894 e morreu em Matosinhos, dia 8 de Dezembro de 1930, foi batizada como Flor Bela de Alma da Conceição Espanca,foi uma poetisa portuguesa. A vida dela, de apenas trinta e seis anos, foi plena, embora tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos que a autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade.
Filha de Antónia da Conceição Lobo e do republicano João Maria Espanca, o seu pai herdou a profissão do sapateiro, mas passou a trabalhar como antiquário, negociante de cabe-daisdesenhistapintorfotógrafo e cinematografista. Foi um dos introdutores do “Vitascópio de Edison” em Portugal.
Em 1913 casou-se em Évora com Alberto de Jesus Silva Moutinho, seu colega da escola. O casal morou primeiro em Redondo. Em 1915 instalou-se na casa dos Espanca em Évora, devido ás dificuldades financeiras.



Algumas poesias de Florbela Espanca:



1919 Livro de Mágoas. Lisboa: Tipografia Maurício.
1923 Livro de Sóror Saudade. Lisboa: Tipografia A Americana.
1931 Charneca em Flor. Coimbra: Livraria Gonçalves.
1931 ______________ (com 28 sonetos inéditos). Coimbra: Livraria Gonçalves.
1931 Juvenília: versos inéditos de Florbela Espanca. Estudo crítico de Guido Battelli. Coimbra: Livraria Gonçalves.
1934 Sonetos Completos (Livro de Mágoas, Livro de Sóror Saudade, Charneca em Flor, Reliquiae). Coimbra: Livraria Gonçalves.

terça-feira, 6 de março de 2012

Poema Favorito





Eu...
"Eu sou a que no mundo anda perdida, 

Eu sou a que na vida não tem norte, 
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte 
Sou a crucificada ... a dolorida ... 

Sombra de névoa ténue e esvaecida, 
E que o destino amargo, triste e forte, 
Impele brutalmente para a morte! 
Alma de luto sempre incompreendida! ... 

Sou aquela que passa e ninguém vê ... 
Sou a que chamam triste sem o ser ... 
Sou a que chora sem saber porquê ... 

Sou talvez a visão que Alguém sonhou, 
Alguém que veio ao mundo pra me ver 
E que nunca na vida me encontrou! "























  • Neste poema fala-se de dor, incompreensão. Florbela apresenta-se como uma mulher desnorteada, sem rumo na vida, desejando a evasão e sendo ligada com a irrealidade. “Crucificada” e “ dolorido” são os adjectivos escolhidos para se caracterizar psicologicamente. Crucificada por não ser compreendida pelos maridos e não só; “dolorida” pela tristeza que trazia dentro de si. Florbela muitas vezes nos seus poemas confessa que não se sabe definir porque ainda não se encontrou, provavelmente a sua tristeza sistemática muitas vezes tinha um significado que ela própria nem sabia.

Alguns poemas:

Amar!

"Eu quero amar, amar perdidamente! 

Amar só por amar: Aqui... além... 
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente... 
Amar! Amar! E não amar ninguém! 

Recordar? Esquecer? Indiferente!... 
Prender ou desprender? É mal? É bem? 
Quem disser que se pode amar alguém 
Durante a vida inteira é porque mente! 

Há uma Primavera em cada vida: 
É preciso cantá-la assim florida, 
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar! 

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada 
Que seja a minha noite uma alvorada, 
Que me saiba perder... pra me encontrar... "

Florbela Espanca, in "Charneca em Flor" 
     tema: (Amor)
Ser Poeta
"Ser Poeta é ser mais alto, é ser maior 
Do que os homens! Morder como quem beija! 
É ser mendigo e dar como quem seja 
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor! 

É ter de mil desejos o esplendor 
E não saber sequer que se deseja! 
É ter cá dentro um astro que flameja, 
É ter garras e asas de condor! 

É ter fome, é ter sede de Infinito! 
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim... 
É condensar o mundo num só grito! 

E é amar-te, assim, perdidamente... 
É seres alma e sangue e vida em mim 
E dizê-lo cantando a toda gente! "

Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"
     tema: (Poeta)Eu...
"Eu sou a que no mundo anda perdida, 
Eu sou a que na vida não tem norte, 
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte 
Sou a crucificada ... a dolorida ... 

Sombra de névoa ténue e esvaecida, 
E que o destino amargo, triste e forte, 
Impele brutalmente para a morte! 
Alma de luto sempre incompreendida! ... 

Sou aquela que passa e ninguém vê ... 
Sou a que chamam triste sem o ser ... 
Sou a que chora sem saber porquê ... 

Sou talvez a visão que Alguém sonhou, 
Alguém que veio ao mundo pra me ver 
E que nunca na vida me encontrou! "

Florbela Espanca, in "Livro de Mágoas"
       tema:(Eu)